Dentro da planta carnívora

25 de Junho de 2022
Sábado

Resumo do livro ‘Uma carta aberta ao príncipe Carlos' ou 'A única maneira para deixar de fumar' de Allen Carr

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Capítulo 10: Dentro da planta carnívora

               A prisão de fumar inicia-se com o segundo cigarro da vida - aquele que apenas alivia a privação de nicotina provocada pelo primeiro. A experiência desagradável do mau sabor e cheiro, a tontura e a tosse fazem com que o jovem pense que nunca se irá viciar. Mas a nicotina já fez o seu trabalho e muito subtilmente o fumar entra na vida do jovem. Dentro de pouco tempo está a comprar cigarros e sem se aperceber caiu no vício. É igual a uma mosca apanhada por uma planta carnívora. Atraída pelo néctar, começa a comê-la e não se apercebe que as patas ficam coladas à parede da planta e que quando quer sair, já não consegue.

               Ao longo do processo de aprendizagem, o jovem vai bloqueando a mente para o lado desagradável do cigarro e ajusta o seu discurso e forma de estar na vida ao ato de fumar. Entra nas desculpas e nas mentiras e como encontra outros na mesma situação, começa a acreditar nelas. Vivendo esta prisão durante anos, o fumador não acredita que é fácil parar… mas é possível sim!! A mosca não consegue sair da planta carnívora porque não tem força física para isso. Mas não há prisão física para o fumador. A sua prisão é unicamente psicológica. Mesmo ex-fumadores podem continuar presos se acreditarem que estão privados de alguma espécie de prazer e/ou apoio. A verdade fantástica é que não há nenhum prazer e/ou apoio. Uma vez aceitando isso tranquilamente, é fácil parar de fumar porque não há sofrimento.

               A maioria dos fumadores olha para um heroinómano com pena, porque não consome heroína. Não tem inveja e interroga-se porque aquela pessoa tem tanto desejo para consumir aquela droga. Porque há uma perceção tão diferente entre uma pessoa que não consome droga e outra pessoa que consome? Será porque a perceção dum heroinómano é alterada pelo consumo de heroína? É um facto que o não fumador tem uma perceção diferente do fumador do que ele tem de si próprio. Porque será isso?

               Eu utilizo esta analogia da heroína para explicar ao fumador o mecanismo de consumo de droga. Mas além do fumador entender este conto do vigário da droga, também é preciso libertá-lo das ilusões do prazer e/ou apoio. Só assim ele será um não fumador feliz para sempre!